Nesta postagem
apresentaremos técnicas de frenagem de motores utilizadas em inversores de
frequência e demonstrar que dependendo das características da carga acionada, a
substituição de um sistema de frenagem dissipativa por um sistema regenerativo,
torna-se uma opção muito interessante e com retorno relativamente rápido de
investimento.
Tratando-se de inversores de frequência
no controle de velocidade de motores, ações do tipo: desacelerar, parar e mudar
de rotação requer antes de tudo um mecanismo de frenagem eficiente.
Frenagem, nada mais é do que a remoção
da energia absorvida pelo motor durante o processo de aceleração.
Partindo da rotação zero, o eixo
encontra-se obviamente parado e por inércia tende a ficar assim. Para romper
esta barreira e elevar a rotação até um valor desejado, o inversor entrega
determinada quantia de energia elétrica, que é então convertida em energia
mecânica no eixo do motor. Produzindo assim a rotação desejada.
Uma vez acionado, para o motor retornar
ao repouso é preciso frenar o eixo. No momento da frenagem, parte da energia
entregue - que agora se encontra na forma de energia mecânica - ou é convertida
em calor ou se transforma novamente em eletricidade e é devolvida para o
inversor.
Quando o rotor de um motor a indução
gira com velocidade menor que a frequência aplicada, ele transforma energia
elétrica em energia mecânica, A este processo denomina-se “motorização”. Quando
o rotor gira mais rápido que a velocidade de sincronismo definida pelo inversor
- durante uma rampa, o motor passa então a transformar a energia mecânica
absorvida em energia elétrica.
Em função deste comportamento - que
depende das características da carga e do tipo de frenagem escolhido -
necessitamos de um dispositivo ou técnica que seja capaz, para quando
necessário, desviar a energia excedente e impedir a sobre tensão no barramento
CC do inversor. A este procedimento damos o nome de frenagem.
Sobre o ato de frenar, duas
considerações importantes precisam ser feitas: Como remover esta energia? E o
que fazer com ela?
Podemos desviá-la de maneira mecânica
ou elétrica, podendo ser diretamente convertida em calor, ou reaproveitada em
equipamentos específicos para regeneração de energia.
FORMAS
DE DESVIO
Desvio
Mecânico
Através de um dispositivo mecânico,
composto por um atuador e pastilhas de freio, sempre que for necessário parar o
eixo do motor, as pastilhas são acionadas, e toda a energia mecânica do eixo se
converte em calor nas pastilhas.
Desvio
Elétrico
Neste caso, a energia mecânica contida
no motor é convertida em energia elétrica, e nesta condição, ou é dissipada em
forma de calor sobre resistores especiais e também no próprio motor, ou é
regenerada e devolvida para a rede de alimentação C.A.
Desta forma se diz que quando o
resultado da frenagem é convertido em calor, o método empregado é do tipo
dissipativo; e quando o seu resultado é a geração de energia elétrica, o método
é do tipo regenerativo. [3]
FATORES
A SEREM OBSERVADOS NA ESCOLHA DE UM MÉTODO DE FRENAGEM.
Primeiramente devemos salientar que na
escolha de um inversor de frequência para controle de um motor de indução, e
por consequência, na escolha do método de frenagem, o foco principal deve ser
exclusivamente as exigências requeridas pela aplicação em que o motor será
utilizado. Ficando, portanto em segundo plano, observar se existe ou não
possibilidade de reaproveitar parte da energia entregue ao conjunto
inversor/motor/carga.
Considerando isto, os principais
fatores a serem observados são:
a) Quantidade
de frenagem necessária em cada ciclo de operação;
b) Qualidade
do controle da frenagem exigida; e por último,
c) Tempo
de resposta entre uma ação e outra.
Assumindo que a frenagem do tipo
mecânica não oferece outra opção senão converter esta energia em calor, vamos
nos limitar em estudar somente a respeito da frenagem elétrica.
FRENAGEM
ELÉTRICA
Frenagem
por injeção de CC (DC injection braking)
Através da injeção de corrente contínua
no estator do motor, um campo magnético fixo é criado. Este se opõe ao movimento
do eixo, que por sua vez tende a diminuir a sua rotação. Este procedimento
resulta em calor, que é então dissipado pelo próprio motor.
Deve, portanto, ser utilizado de
maneira intermitente, e com um rigoroso controle do tempo de inserção da corrente,
afim de não danificar precocemente o motor. Como vantagem, dispensa a aquisição
de hardware adicional.
Frenagem
por Fluxo (Flux Braking)
Nesta técnica a corrente de fluxo é
elevada quase ao valor da corrente nominal, aumentando assim as perdas no
motor. Da mesma maneira que na injeção de CC, a energia do eixo é convertida em
calor e dissipada pelo próprio motor. De mesmo modo, requer cautela e uso
intermitente para não danificar o motor, e sua vantagem também reside no fato
de não exigir hardware adicional.
Frenagem
Dissipativa (Dinâmica)
Assim que o inversor começar a diminuir
a velocidade do motor, por inércia imposta pela carga, o eixo tende a continuar
na mesma rotação. Em função disto, o motor se comporta como um pequeno gerador
devolvendo energia elétrica ao inversor.
A magnitude desta energia é diretamente
proporcional à derivada da desaceleração do eixo que, por sua vez, está intimamente
ligada com a inércia e energia mecânica (cinética) armazenada pelo conjunto
carga/motor.
Este processo faz com que a tensão do
barramento CC do inversor suba, e possa assumir valores acima do limite de
segurança suportado pelo inversor. Em função disto, o inversor monitora o valor
da tensão do barramento CC e sempre que esta ultrapassar os valores
pré-definidos, ele gera um comando para um módulo extra, comumente chamado de
“Braking Unit”. Este tem por função comutar em paralelo com os capacitores do barramento
CC, um resistor especial. Desta forma, toda energia “extra” é por ele desviada,
e dissipada por efeito Joule.
Esta técnica é muito eficiente,
consegue atingir elevados torques de frenagem, e apesar de ser uma solução
simples, sua resposta dinâmica é muito satisfatória.
Em contrapartida, existe o custo
adicional para compra e instalação dos dois dispositivos necessários: o módulo
de comutação (braking unit) e o resistor de dissipação. E além de toda a
energia mecânica ser dissipada em forma de calor - sem nenhum benefício, a
quantidade de frenagem em ciclo contínuo é limitada em função da capacidade de
dissipação do resistor.
Frenagem
Regenerativa
Nesta configuração, toda a energia
gerada pelo motor no momento da frenagem, também é desviada para um módulo
extra. Neste, a energia recebida é regenerada, sincronizada e devolvida para a
rede de alimentação principal.
Este sistema de frenagem é, sem dúvida,
o mais caro se comparado somente o custo de aquisição e instalação perante aos
demais. Porém, é altamente eficiente e além de ser a melhor solução para ciclos
de frenagem contínua, ela proporciona economia de energia elétrica.
Entretanto, seu emprego somente se
torna viável quando instalado em cargas que tenham características
regenerativas consideráveis.
CARGAS
REGENERATIVAS
Teoricamente, a grande maioria das
cargas acionadas por motores de indução comandados por inversores de frequência
forma um conjunto com características regenerativas que, em maior ou menor
magnitude, devolvem energia para o inversor no momento da desaceleração.
Como a magnitude desta energia
devolvida é diretamente proporcional à energia mecânica (cinética) absorvida
pelo conjunto carga/motor, somente cargas com grande potencial de absorção
desta energia, são consideradas como cargas regenerativas. E, portanto,
aplicações onde à possibilidade de um sistema de frenagem regenerativa se torna
tanto economicamente como tecnicamente viável.
Exemplos de cargas que podem ser
regenerativas são:
a) Elevadores
de grande porte;
b) Bomba
centrífuga;
c) Pontes
rolantes;
d) Esteiras
de transportes;
e) Grandes
máquinas de usinagem.
De modo geral, aplicações que requerem
a elevação, transporte de cargas pesadas, ou processos de relativa inércia com
taxas de frenagem bruscas, são fortes candidatas a serem regenerativas.
FRENAGEM
DISSIPATIVA X REGENERATIVA
Como exemplo, vamos utilizar uma
determinada aplicação onde a potência média manipulada pelo conjunto
inversor/motor/carga é da ordem de 75kW/h.
O processo consiste em elevar cargas
extremamente pesadas a certa altura por uma ponte rolante, e reposicioná-las em
lugares diferentes. Sendo, portanto um exemplo clássico de carga regenerativa.
No momento da desaceleração,
observou-se que era requerido 80% do torque máximo, durante 20% do ciclo de
operação. Neste caso, a solução tradicional seria utilizar um freio dissipativo
e desviar toda a energia devolvida pelo motor no momento da desaceleração em um
resistor.
Entretanto, face ao grande potencial
regenerativo e a considerável potência manipulada, a substituição do sistema
tradicional por um sistema de frenagem regenerativa, pode reaproveitar parte da
energia consumida pelo inversor/motor e tornar-se uma proposta interessante.
SOLUÇÃO
POR FRENAGEM DISSIPATIVA (DINÂMICA)
Juntando os dados de placa do motor com
a inércia da carga, relação da caixa redutora, perfil de velocidade, torque,
potência total da aplicação e ciclo de frenagem requerido, calcula-se a inércia
total do sistema.
Através deste parâmetro, chega-se ao
valor do pico máximo de potência devolvida ao inversor no momento da frenagem.
Este valor servirá de base para determinar o valor ôhmico do resistor de freio,
bem como a capacidade de comutação do módulo de chaveamento (braking unit).
Em seguida, deve-se ajustar no
inversor, o parâmetro que define o máximo percentual de sobre passagem do valor
nominal da tensão do barramento CC.
Feito isso, sempre que a tensão no
barramento exceder o limite ajustado - em função de uma frenagem - um comando é
gerado, e o módulo de frenagem comutará o resistor calculado, em paralelo como
os capacitores do barramento CC. Com isso toda a energia “extra” será dissipada
em forma de calor - devido ao efeito Joule-, evitando assim danos ao inversor.
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parabéns pela postagem sobre frenagem cc por inversor, tirei algumas duvidas. muito bom.
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